Revista Época, Viajologia - Viajando com Haroldo Castro 01/03/2012
A Finlândia é um dos países mais bem sucedidos da Europa e possui uma indústria altamente competitiva no setor de comunicações, eletrônica e engenharia. Uma boa parte dos brasileiros já teve em suas mãos um produto finlandês: a maior empresa nacional é a Nokia.
A boa reputação finlandesa também reina na área do design. Por isso, ainda no primeiro dia de visita a Helsinque (capital e maior cidade do país com 600 mil habitantes), faço questão de conhecer o Museu do Design, polo intelectual do Distrito do Design, no centro da cidade.
O Designmuseet não é um local formal. Parembular entre as mais finas coleções finlandesas de vidros, cerâmicas, móveis, quadros ou têxteis é como saltar de uma explosão criativa para outra. Cores e formas inusitadas, ideias malucas que deram certo ou não, lampejos extravagantes de imaginação. Vale tudo.


Não é por acaso que Helsinque foi designada como a Capital do Desenho Mundial em 2012. A honra foi concedida pelo Conselho Internacional de Sociedades de Desenho Industrial, uma organização fundada em 1957 que congrega 150 membros, representando 160 mil designers do mundo.
Um dos ícones da capital que se encaixam perfeitamente na perspectiva de arriscar novas linhas e formas é a Igreja Temppeliaukio. O templo luterano construído em 1969 é subterrâneo e foi esculpido no granito. Com um desenho circular e com uma iluminação natural criada por 180 janelas no topo do santuário, a igreja é muito usada para concertos de música clássica, uma vez que as paredes de rocha geram uma excelente acústica.
Helsinque, principalmente no verão, é uma cidade muito descontraída, com dezenas de cafés ao ar livre.Possui um excelente sistema de transporte urbano, fundamentado numa rica rede de modernos, confortáveis e silenciosos bondes elétricos.
Situada a 60º de latitude Norte – apenas a 6º do Círculo Ártico – Helsinque é conhecida por seus dias de quase 24 horas de duração no início do verão do hemisfério Norte (no final de junho e início de julho).Nesta época do ano, o sol desaparece no horizonte apenas por minutos e o entardecer e o amanhecer confundem-se em um só fenômeno. O céu nunca fica escuro nestes dias. Para compensar, no mês de dezembro, Helsinque sofre com a Noite Polar, quando, por algumas semanas, o sol mal consegue ser vislumbrado.
O contraste climático entre o rigoroso e escuro inverno e o morno verão faz com que muitas atividades só possam ser realizadas quando a cidade não está gelada. Uma delas é lavar tapetes. Encontro Mari Hatiner no cais em frente ao parque Kaivopuisto, esfregando seu tapete de fibra em cima de uma mesa de madeira. “Venho aqui uma vez por ano lavar meus tapetes, em um dia de calor”, diz Mari, relações públicas de uma empresa de seguros. “Sempre uso um sabão biodegradável para não poluir a água.” A consciência ambiental de Mari é um pequeno exemplo de porque o país dá certo!